sábado, 18 de julho de 2020

A MORTE E O ETERNO



“Quando você anda numa floresta intocada, onde não houve qualquer interferência humana, vê muito verde exuberante, muita planta brotando, mas, também encontra árvores caídas, troncos se deteriorando, folhas podres e, a cada passo, matéria em decomposição. Para onde quer que olhe, vai encontrar vida e morte.

“Se prestar mais atenção, vai descobrir que o tronco de árvore em decomposição e as folhas apodrecendo não só dão origem a nova vida como estão cheios de vida. Há micro-organismos em ação. As moléculas estão se reorganizando. Portanto, não há morte em parte alguma dessa floresta. Há apenas a transformação da vida. O que pode aprender com isso? Aprende que a morte não é o contrário da vida. A vida não tem oposto. O oposto da morte é o nascimento. A vida é eterna.

“Claro que você sabe que um dia vai morrer, mas isso permanece apenas como uma ideia, até que você seja confrontado pela primeira vez com a morte. [...]. Nesse momento a morte entra em sua vida e você toma consciência de que é um ser mortal.

“A maioria das pessoas procura ignorar esse fato, mas, se enfrenta a realidade de que seu corpo é passageiro e pode acabar a qualquer instante, você consegue separar sua forma física do seu “eu”. Quando admite e aceita a natureza fugaz e passageira de todas as formas de vida, você é invadido por uma estranha sensação de paz.

“Ao encarar a morte de frente, sua consciência se liberta até certo ponto da identificação com a forma física. [...] A cultura ocidental ainda nega amplamente a morte. [...] Uma cultura que nega a morte torna-se inevitavelmente superficial [...]. Quando se nega a morte, a vida perde a profundidade. A possibilidade de saber quem somos para além do nome e da forma física – a nossa dimensão transcendental – desaparece, pois a morte é a abertura para essa dimensão.

“As pessoas, de um modo geral, se sentem profundamente perturbadas com qualquer coisa que acaba, porque todo fim é uma pequena more. [...] Sempre que uma experiência termina, [...] você passa por uma pequena morte. [...] Se você aprender a aceitar a até acolher os pequenos e grandes fins que acontecem em sua vida, pode descobrir que o sentimento de vazio que a princípio causou tanto desconforto se transforma num espaço interno profundamente cheio de paz.

“Aprendendo a morrer assim a cada dia, você se abre para a Vida. A maioria das pessoas sente que sua identidade, sua noção do “eu”, é algo extremamente precioso que elas não querem perder. Por isso têm tanto medo da morte”.
(“O Poder do Silêncio”, Eckhart Tolle)


Possamos refletir um pouco o que é a morte. Morte e nascimento nada mais são do que transformações. Nós mudamos de estado vibratório. Passamos do mundo da matéria, do mundo físico, para o mundo espiritual; ou o contrário, no nascimento, onde nós saímos do mundo espiritual para o mundo físico. Isso sem contar que a cada noite, quando dormimos, para alguns é quase como uma morte, quando entramos naquele sono profundo. Para outros que sonham, ele acaba de repente e você acorda. Aquela realidade acabou, morreu. Quando nós lembramos da nossa infância, nós percebemos que aquela criança que fomos também morreu; aquele adolescente se transformou, não existe mais, morreu. Chegamos na fase adulta e em muitas vezes na velhice. Quantas transformações, quantas mortes nós sofremos ao longo de todo esse período?

Nos mantemos identificados com esse ego, que é apenas transitório. Para aqueles que aceitam a reencarnação hoje eu sou Roberto, mas amanhã não serei mais. Amanhã poderei ser qualquer outra personalidade. Na verdade, como a Bhagavad Gītā nos ensina, ninguém nasce e ninguém morre. O verdadeiro ser é eterno. Nós fazemos parte dessa eternidade. Nós continuamos conscientes ao passarmos para o mundo espiritual. Nada acaba. Há apenas uma mudança de estado vibracional, uma transformação.

Pensem nisso! Afinal de contas, a partir do momento que nós nascemos, a única certeza que nós temos na vida é que morremos. Depois de mortos, a única certeza que teremos é que, em algum momento, renasceremos.

Que possamos refletir nessas questões: morte e nascimento. Pensemos um pouco na ideia de que a vida é eterna. O Eu verdadeiro, aquilo que os orientais chamam de ātman, é eterno. A consciência é eterna.

Namaste.



Nenhum comentário:

Postar um comentário