“Quando você anda numa floresta intocada, onde não houve
qualquer interferência humana, vê muito verde exuberante, muita planta
brotando, mas, também encontra árvores caídas, troncos se deteriorando, folhas
podres e, a cada passo, matéria em decomposição. Para onde quer que olhe, vai
encontrar vida e morte.
“Se prestar mais atenção, vai descobrir que o tronco de
árvore em decomposição e as folhas apodrecendo não só dão origem a nova vida
como estão cheios de vida. Há micro-organismos em ação. As moléculas estão se
reorganizando. Portanto, não há morte em parte alguma dessa floresta. Há apenas
a transformação da vida. O que pode aprender com isso? Aprende que a morte não
é o contrário da vida. A vida não tem oposto. O oposto da morte é o nascimento.
A vida é eterna.
“Claro que você sabe que um dia vai morrer, mas isso
permanece apenas como uma ideia, até que você seja confrontado pela primeira
vez com a morte. [...]. Nesse momento a morte entra em sua vida e você toma
consciência de que é um ser mortal.
“A maioria das pessoas procura ignorar esse fato, mas, se
enfrenta a realidade de que seu corpo é passageiro e pode acabar a qualquer
instante, você consegue separar sua forma física do seu “eu”. Quando admite e
aceita a natureza fugaz e passageira de todas as formas de vida, você é
invadido por uma estranha sensação de paz.
“Ao encarar a morte de frente, sua consciência se liberta até
certo ponto da identificação com a forma física. [...] A cultura ocidental
ainda nega amplamente a morte. [...] Uma cultura que nega a morte torna-se
inevitavelmente superficial [...]. Quando se nega a morte, a vida perde a
profundidade. A possibilidade de saber quem somos para além do nome e da forma
física – a nossa dimensão transcendental – desaparece, pois a morte é a
abertura para essa dimensão.
“As pessoas, de um modo geral, se sentem profundamente
perturbadas com qualquer coisa que acaba, porque todo fim é uma pequena more.
[...] Sempre que uma experiência termina, [...] você passa por uma pequena
morte. [...] Se você aprender a aceitar a até acolher os pequenos e grandes
fins que acontecem em sua vida, pode descobrir que o sentimento de vazio que a
princípio causou tanto desconforto se transforma num espaço interno
profundamente cheio de paz.
“Aprendendo a morrer assim a cada dia, você se abre para a
Vida. A maioria das pessoas sente que sua identidade, sua noção do “eu”, é algo
extremamente precioso que elas não querem perder. Por isso têm tanto medo da
morte”.
(“O Poder do Silêncio”, Eckhart
Tolle)
Possamos refletir um
pouco o que é a morte. Morte e nascimento nada mais são do que transformações.
Nós mudamos de estado vibratório. Passamos do mundo da matéria, do mundo
físico, para o mundo espiritual; ou o contrário, no nascimento, onde nós saímos
do mundo espiritual para o mundo físico. Isso sem contar que a cada noite,
quando dormimos, para alguns é quase como uma morte, quando entramos naquele
sono profundo. Para outros que sonham, ele acaba de repente e você acorda.
Aquela realidade acabou, morreu. Quando nós lembramos da nossa infância, nós
percebemos que aquela criança que fomos também morreu; aquele adolescente se
transformou, não existe mais, morreu. Chegamos na fase adulta e em muitas vezes
na velhice. Quantas transformações, quantas mortes nós sofremos ao longo de
todo esse período?
Nos mantemos
identificados com esse ego, que é apenas transitório. Para aqueles que aceitam
a reencarnação hoje eu sou Roberto, mas amanhã não serei mais. Amanhã poderei
ser qualquer outra personalidade. Na verdade, como a Bhagavad Gītā nos ensina, ninguém nasce e ninguém
morre. O verdadeiro ser é eterno. Nós fazemos parte dessa eternidade. Nós
continuamos conscientes ao passarmos para o mundo espiritual. Nada acaba. Há
apenas uma mudança de estado vibracional, uma transformação.
Pensem nisso! Afinal
de contas, a partir do momento que nós nascemos, a única certeza que nós temos
na vida é que morremos. Depois de mortos, a única certeza que teremos é que, em
algum momento, renasceremos.
Que possamos refletir
nessas questões: morte e nascimento. Pensemos um pouco na ideia de que a vida é
eterna. O Eu verdadeiro, aquilo que os orientais chamam de ātman, é
eterno. A consciência é eterna.
Namaste.
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