terça-feira, 29 de setembro de 2020

INVOCAÇÃO AOS ARCANJOS

 

Os anjos são seres sensitivos e autoconscientes, assim como os seres humanos, criados por Divindade.  Seu trabalho consiste na recepção, condensação, transmissão e expansão dos sentimentos divinos ou, em resumo, servem ao Absoluto como mensageiros.  O mundo emocional do anjo, ou seja, seu corpo de sentimentos, é extremamente sensitivo.  Desta forma, a natural aproximação do Absoluto somada a atividade que a ele foi destinada como, por exemplo, a irradiação de determinada virtude, enche com as qualidades de vibração e irradiação desta virtude a aura e a esfera de influência individual do anjo.  Então, submergem na virtude da divindade e são impregnados completamente pelo constante contato e proximidade da mesma.  Para as forças angélicas mais jovens, não é exigido que levem às esferas inferiores as irradiações espirituais assimiladas e que permanecem natas em sua aura.  Pois, com a continuidade de seu desenvolvimento, desperta neles o desejo de servir ao Plano Cósmico Divino.

Os anjos desenvolvem-se através de irradiações.  Por meio de controle das energias disponíveis, aprendem como chegar a ser um Querubim, Serafim, Arcanjo ou outros seres elevados que zelam e protegem os sistemas planetários, galáxias e o próprio Universo.  No início, os pequenos anjos aprendem a manter a irradiação de uma determinada virtude.  Sustentam todo o tempo necessário a sensação da mesma, até que possam liberá-la no mundo e na atmosfera do indivíduo que necessita de auxílio.  Nesta fase, o Deva ou o instrutor encarregado irradia para eles o sentimento que devem sustentar.

Quando se tornam adultos, tentam afastar-se de seu instrutor e manter sem entrave as qualidades e virtudes, que lhes foram outorgadas, por mais tempo e são apresentados a outro instrutor do reino angélico para descer com eles às esferas mais densas da atmosfera da Terra.  A aprendizagem agora é manter em si as qualidades trabalhadas, aguardando a ocasião correta para liberarem tais qualidades. É assim que o anjo preenche a finalidade para a qual foi criado.

Os anjinhos então crescem e se desenvolvem, até conseguirem aumentar os seus poderes no controle da energia.  Então, são-lhes confiados um lar, um templo, uma casa de saúde, ou outras instituições.  Permanecem nestes locais atraindo as forças divinas para abençoarem os seus protegidos e colhendo as energias vibratórias que foram irradiadas através de apelos e preces da humanidade, elevando-se até o estágio de um Querubim.  Estes são seres angelicais que incorporam o poder.  São protetores amáveis de indivíduos ou de uma coletividade; eles amparam todo movimento que se propõe a realizar algo positivo.

As forças angélicas dedicam-se, em primeiro lugar, a transmissão dos dons divinos.  Todos os seres angelicais são extremamente individuais.  Se forem indicados para trazerem a fé, então esta qualidade preencherá totalmente as suas consciências, até que se tornem verdadeiros centros de irradiações de forças correspondentes a determinadas virtudes divinas, que trabalhem conjuntamente aos Diretores Divinos na distribuição destas forças sobre a Terra.

Desta forma, fica claro que o Reino Angélico é composto de uma cadeia evolutiva. Essa evolução estabelece uma hierarquia, na qual diversas tradições (judaica, católica, cristã ortodoxa, árabe, ocultista) classificam, conforme a sua visão. Não vou me ater a essas classificações, pois não cabe a este compêndio. O que nos é importante é que dentre elas existe a categoria ou coro dos Arcanjos.

O termo Arcanjo vem de duas palavras gregas: arch (principal, de maior importância, da mais alta ordem) e ángelos (mensageiro). Portanto, significa “Mensageiro da mais alta ordem” e estão entre os Seres Celestiais mais importantes. São os principais mensageiros de Deus. Os Arcanjos cuidam das pessoas fortalecendo-as e ajudando-as em sua jornada na vida. Eles não estão vinculados a nenhuma religião, casta ou credo em particular, e nos ajudam a curar ou sermos curados se forem chamados com um coração puro. Mas é muito importante que nós tenhamos em mente que eles não interferem em nosso Karma.

Comumente os Seres Angelicais são representados com asas, mas com a forma humana. Suas asas são apenas uma forma de simbolizar o poder espiritual desses Seres Celestiais, bem como a capacidade de se deslocarem rapidamente entre os planos existenciais e as dimensões da consciência. É óbvio que não necessariamente anjos têm asas. Eles não precisam de asas! Os Seres Angélicos flutuam e deslizam no espaço cósmico. Outra característica é a luz que emitem. Alguns usam trombetas, escudos e espadas, mas tudo isso são alegorias ilustrativas para expressar o poder divino.


      

Em nome do Pai, do filho e do Espírito Santo. Em nome de todos os Seres Angélicos.

 

PAI NOSSO

Pai nosso, que estais em tudo que criastes, santificado é o vosso nome; despertai o vosso Reino dentro de nós, criando vosso Reino de Unidade pela vossa vontade, unindo o céu e a terra. Dai-nos o alimento espiritual de cada dia. Perdoai nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. Que possamos estar livres dos vícios e tentações, livrando-nos do mal da ignorância. Pois, sois a fonte de toda vontade, o poder de toda ação e a glória da luz sublime, eternamente. Amém.

 

AVE MARIA (3 vezes)

Ave Maria, cheia de Graça! O Senhor é convosco! Bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do Vosso ventre, Yeshu’ah. Amada Maria, Mãe Divina, rogai por nós, criaturas de Deus, agora e na hora da nossa vitória sobre a ignorância, a doença e a morte! Amém.


ORAÇÃO AOS AMADOS ARCANJOS

Amados Arcanjos, socorrei-nos!

Ajudai-nos, ó grandes Seres, nossos irmãos, que sois os mensageiros de Deus. Defendei-nos de nós mesmos, da nossa covardia e fraqueza, de nosso egoísmo e de nossa ambição, de nossa inveja e desconfiança, de nossa avidez em procurar a saciedade, a boa vida e a estima.

Desatai as algemas da ignorância e do apego a tudo o que passa. Desvenda os nossos olhos que nós mesmos fechamos, por não querer ver a necessidade de nosso próximo, e poder assim ocupar-nos de nós mesmos numa tranquila autocomplacência.

Colocai em nosso coração a ardente chama do fogo sagrado, queimando sem piedade, para que não deixemos de procurá-los com ardor, contrição e amor.

Contemplai em nós o Poder do Senhor, que Ele derramou sobre nós.

Contemplai em nós o Amor da Divina Mãe, que Ela derramou sobre nós.

Contemplai em nós, a Sabedoria Divina, imagem e semelhança de Deus, que devemos despertar por Sua vontade e Seu amor.

Ajudai-nos a conhecer a Deus, a adorá-Lo, a amá-Lo e a servi-Lo. Ajudai-nos no combate contra os poderes das trevas que traiçoeiramente nos envolvem e nos afligem.

Ajudai-nos para que nenhum de nós se perca e para que um dia estejamos todos jubilosamente reunidos na eterna bem-aventurança. Amém.


INVOCAÇÃO AOS ARCANJOS 

Invocamos a força de Arcanjo Mikhael – aquele que é como o Senhor.

Arcanjo Mikhael, assisti-nos com vossos Santos Anjos, ajudai-nos e rogai por nós. (7 vezes)

Invocamos a força de Arcanjo Yophiel – aquele que é a beleza do Senhor.

Arcanjo Yophiel, assisti-nos com vossos Santos Anjos, ajudai-nos e rogai por nós. (7 vezes)

Invocamos a força de Arcanjo Chamuel – aquele que é a adoração do Senhor.

Arcanjo Chamuel, assisti-nos com vossos Santos Anjos, ajudai-nos e rogai por nós. (7 vezes)

Invocamos a força de Arcanjo Gabriel – aquele que é o mensageiro do Senhor.

Arcanjo Gabriel, assisti-nos com vossos Santos Anjos, ajudai-nos e rogai por nós. (7 vezes)

Invocamos a força de Arcanjo Raphael – aquele que é o curador do Senhor.

Arcanjo Raphael, assisti-nos com vossos Santos Anjos, ajudai-nos e rogai por nós. (7 vezes)

Invocamos a força de Arcanjo Uriel – aquele que é a luz do Senhor.

Arcanjo Uriel, assisti-nos com vossos Santos Anjos, ajudai-nos e rogai por nós. (7 vezes)

Invocamos a força de Arcanjo Tzadkiel – aquele que é a justiça do Senhor.

Arcanjo Tzadkiel, assisti-nos com vossos Santos Anjos, ajudai-nos e rogai por nós. (7 vezes)





sexta-feira, 25 de setembro de 2020

GĀYATRῙ MANTRA

 

Oṁ bhūr bhuvaḥ svaḥ

Tatsaviturvareṇyaṁ

Bhargo devasya dhīmahi

Dhiyo yo naḥ prachodayāt

 

Oṁ. Aos planos da existência

Meditemos na grandeza da criação

Aquele que é o brilho da luz

Que Ele inspire [a plenitude] em nossos intelectos

 

Conforme o Ṛig Veda, “na gayatryah paro mantrah”, ou seja, “não há mantra mais importante que o Gāyatrī”. Sua divindade é o próprio Parabrahman, o Supremo, Absoluto ou o Eterno.

A palavra Gāyatrī vem de gāyatra, e por sua vez, é derivado de duas palavras: gāya, que significa “canto”, e da raiz verbal tṛi, significando “aquele que libera ou protege”. Portanto, Gāyatrī significa “o canto que libera ou protege”. Também é uma palavra sânscrita para designar a métrica de uma música ou hino de 24 sílabas (três versos de 8 sílabas). A palavra mantra, conforme já visto, pode significar libertação da mente ou aquilo que protege a mete, e oração, de modo que Gāyatrī Mantra pode ser traduzido como “uma oração, ou melhor, uma prece de louvor, que desperta as energias vitais e traz a libertação do Ser”.

O Gāyatrī Mantra aparece nos quatro Vedas, mas é no Ṛig Veda que ele surge, já que os outros três – Yajur, Sama e Atharva – contém muito material do Ṛig Veda. O Gāyatrī é um mantra dedicado ao sol. Esse mantra é considerado tão poderoso que na Índia antiga somente a casta superior, os brāhmaṇas, tinham a permissão para recitá-lo.

Na Bhagavad Gītā capítulo 10, versículo 35, Kṛiṣhṇa diz: “Sou também o grande hino entre os hinos do Sama Veda; entre as formas métricas sou Gāyatrī”. No simbolismo védico da Índia, Indra, o rei dos Devas, representante dos céus, aconselhou Manu, pai da raça humana, a recitar o Gāyatrī, porque com sua grande força é possível dominar todos os Vedas.

O Gāyatrī evoca a luz e o discernimento, e deve ser recitado mil vezes por dia (dez voltas no japamālā), o que corresponde a 3 horas de prática, durante 100 dias. Ao recitar o mantra, deve-se fazer uma pausa depois do Oṁ, e também depois de cada verso. “Oṁ” representa o verbo, o som primordial, o todo, o eterno e transcendental. “Bhūr bhuvaḥ svaḥ” representam os três mundos: o físico, da matéria ou da natureza (bhūḥ); o psíquico ou sutil, da alma ou do astral (bhuvaḥ), e o causal ou celestial, do espírito divino (svaḥ ou suvaḥ). Este conjunto – Oṁ bhūr bhuvaḥ svaḥ – não é propriamente parte do Gāyatrī, mas uma fórmula tirada do Yajur Veda e que foi anexada ao início do Gāyatrī.

Em “tatsaviturvareṇyaṁ” invocamos a glória de Ῑśhvara, Criador do Universo e que merece a nossa adoração. Após a terceira pausa, recitamos “bhargo devasya dhīmahi”, reverenciando aquele que é todo sabedoria – a consciência – e que destrói toda a ignorância. Fazemos então a quarta pausa e passamos ao quinto e último verso, recitando “dhiyo yonaḥ prachodayāt”, onde pedimos a iluminação de nosso intelecto para que possamos transcender a dualidade da mente e alcançar o estado pleno e absoluto do Ser. É importante saber que neste último verso, na palavra “naḥ”, o “” (visarga) precede uma palavra iniciada pela consoante “p”, transformando-lhe no som de “f”. Isto é importante porque sem a pronúncia do “f” a palavra sânscrita, que corresponde ao pronome “nós”, “para nós”, “nosso”, passa a ser “na”, que significa uma negação, o que transforma o verso em um pedido para que “não ilumine o intelecto”.

Este mantra deve ser recitado devagar, sentindo sua melodia e seu significado. Com a prática, ele nos libertará da roda da vida (saṁsāra). Ele também é eficaz para aqueles que tendem ao suicídio, que estão pessimistas e preguiçosos, sem força de vontade, cansados, tristes e desanimados. O Gāyatrī Mantra consome pāpa (mal karma ou má sorte), restituindo a saúde, o vigor, o entusiasmo e a alegria de viver. Ele ainda pode gerar uma energia sutil no ambiente, a se irradiar para a sociedade, quando é cantado por um grupo de pessoas, produzindo prosperidade e bem-estar. É um mantra bastante auspicioso!

O Gāyatrī deve ser cantado, preferencialmente, pela manhã ao nascer do Sol, voltado para ele (nascente), fazendo um japamālā inteiro, ou seja, as 108 contas. Ao final, faz-se uma oferenda de água à Savitṛi (divindade do Sol). O Amado Mestre Sathya Sai Baba recomendava que recitassem o Gāyatrī, várias vezes, em diferentes períodos do dia. Ele cantava um pouco diferente do tradicional, mas não menos auspicioso. Completamos o ritual de recitar o Gāyatrī pedindo paz (śhānti) três vezes – para si mesmo, para o ambiente e para a natureza – e saudamos a todos os Mestres espirituais.





domingo, 20 de setembro de 2020

AS SETE PERFEIÇÕES [PÉROLAS] DO KῙRTANA

 

Instruções sobre o Canto dos Nomes de Deus

 

No kīrtana nós cantamos os nomes de Deus. Envolve mantras e podemos cantar sozinhos ou em grupos, o que é mais comum, quando nós nos juntamos para cantar os nomes de Deus. Cantar em grupo tem um poder enorme. Nós multiplicamos a energia tremendamente. A música conecta nossos corações na mesma sintonia. Na era que estamos vivendo (kali yuga), cantar os nomes de Deus (Hari nāma sakīrtana) é a prática mais apropriada (bhakti yoga). É um processo que nos ajuda no caminho do autoconhecimento (āna yoga). Na era de Kali, nossa mente é muito agitada, nos distraímos com facilidade e, além do mais, existem muitos obstáculos que nos dificultam outras práticas como, por exemplo, meditar. Por isso, é necessário cantar, para que haja um centramento e apaziguamento da mente.

1.            ceto-darpaa-mārjanam

Limpeza do espelho da consciência.

Nossa mente se compara a um lago. Se houver agitação, com as águas revoltas, não enxergamos a própria imagem. Mas, se o lago se acalma, como num espelho, podemos observar nossa imagem no reflexo da água. A mente deve estar aquietada para que possamos perceber a consciência.

Neste verso, a comparação é feita com um espelho que está sujo, onde não conseguimos ver a nós mesmos. Se limpamos o espelho, conseguimos ver a nossa consciência. Assim é o espelho da consciência, onde vemos com clareza o nosso ser interno, o que nós somos de verdade ao remover toda a sujeira da mente (o falso eu). Este é o primeiro benefício do kīrtana: limpar a nossa mente para conhecer nossa essência.

2.            bhava-mahā-dāvāgni-nirvāpaam

Extinção do grande incêndio [florestal] da existência material.

É a capacidade de extinguir o fogo da agitação de nossa vida material. Nossa vida material nunca é sem problemas e serena. Estamos sempre a fazer escolhas, enfrenta desafios por mais que queiramos viver tranquilos. Esta é a natureza da vida material e ninguém escapa. O kīrtana é como uma chuva que vem e apaga o fogo – é uma chuva de bênçãos divinas, que nos traz alívio e conforto. O sakīrtana abre um espaço em nosso coração, onde nos refugiamos da agitação do mundo material.

3.            śherya-kairava-chandrikā-vitaraam

Desabrochar o lótus do coração através do canto dos nomes de Deus, espalhando a luz.

O canto atua no coração como um benefício permanente, que nos conduz ao caminho da liberação. Assim como a luz da lua clareia a escuridão e faz desabrochar o lótus branco da pureza, o canto em louvor ao Senhor ilumina a nossa mente e nos salva da escuridão da ignorância, permitindo que nós irradiemos luz. O som é a forma mais completa que Deus usa para nos tocar. Através do som Deus penetra em nossos ouvidos, toca o coração e ressoa em nossa alma, conforme nosso nível de consciência. Cada um de nós interage com Deus de forma única – ninguém se relaciona igual.

4.            vidyā-vadhū-jīvanam

Cantar é a vida e alma do conhecimento espiritual.

O canto devocional faz com que o conhecimento transcendental se manifeste em nosso coração. O estudo do conhecimento espiritual disponível nas escrituras, ensinado pelos Mestres, já existe dentro de nós, mas não está manifestado. Quando cantamos louvores a Deus, temos a possibilidade de abrir esse campo que está em nosso coração. O nível de consciência e entendimento da vida é que vai nos proporcionar fazer esta ligação e seu consequente despertar.

Resumindo, o canto devocional prepara nossos campos sutis para o recebimento do conhecimento que já existe em nós em estado latente. Nosso ser é sachchidānanda, ou seja, é eternamente existente (sat), é pleno de conhecimento (chit) e bem-aventurado (ānanda).

5.            ānandabuddhi-vardhanam

Expansão ilimitada da mente no oceano de êxtase espiritual.

Nossa alma, quando encarnada, tem um sentimento de incompletude constante, porque não está em seu ambiente natural que é o mundo espiritual, o mundo da essência. Estamos dentro de um corpo material que é temporário.

Ao cantarmos para Deus, expandimos nossa alma e entramos em contato com o oceano de luz, ao qual viemos – descobrimos nossa verdadeira natureza, que é sachchidānanda.

6.            pratipadam pūrṇāmitāsvādanam

Saborear, a cada passo, o néctar inteiro [pleno] que desejamos.

Em nossas experiências diárias buscamos a felicidade em fontes erradas e ficamos no ciclo vicioso do eterno vir-à-ser. Durante nossas inúmeras existências no terreno da vida física, buscamos a liberação em atividades que nos dão segurança e prazer, e não nos preocupamos com o real foco de nossa busca – o Supremo. Estamos sempre a desejar uma vida plena – a vida espiritual sem limites.

Louvar a Deus, através do canto devocional, nos permite saborear, a cada nova experiência, o néctar divino, a plenitude que buscamos, mas não a identificamos dentro de nós.

7.            sarvātma-snapanam

Completo banho da alma [ser].

A alma é consumida incessantemente pela vida mergulhada nos prazeres materiais. Cantar para Deus produz um autêntico banho de purificação, que apaga o fogo consumidor de nossos anseios por conquistas de segurança e prazeres materiais. O banho de luz que recebemos nos reconecta com o poder criativo da Fonte Que Tudo É – Deus.

 

param vijayate śhrī-kiha-sakīrtanam

Que haja vitória [glória] para o santo nome do Senhor

Deus dá o poder a cada forma divina por Ele criada, a cada nome divino. Cada nome tem o seu poder (śhakti) distinto. Cantar os nomes divinos ou reverencia-los nos cânticos nos conecta com esse poder. Esse poder se transmite para nós através do canto, impregnando-nos e fazendo com que cada partícula de nosso Ser vibre em ressonância com a divindade. Os mantras, kīrtanas e bhajanas nos reveste de poder espiritual.

Esta é a playlist que preparei com mantraskīrtanas, bhajanas e outros cantos devocionais para todos os gostos. Confiram!

https://open.spotify.com/playlist/33ingINwYqaBmDk1TbB5Uz?si=etNylgOARkKsvBNyUAqtJw

sábado, 19 de setembro de 2020

LAPIDAÇÃO

 

Numa lapidação, para que o diamante manifeste todo o seu brilho e luz, é necessário que ele se desapegue de algumas partes de si e permita que o lapidador corrija as suas imperfeições. Sejamos como este diamante! Desapeguemos de nossas tendências obscuras e permitamos que Deus apare as imperfeições. Assim, poderemos mostrar a Luz Divina que está oculta em nosso âmago.

Não é nada fácil nos libertarmos de nossas tendências, vícios e atitudes desregradas, mas é necessário, se almejamos a liberdade e o consequente despertar da luz interior. Colocar-se nas mãos do Criador é o caminho. Isto não significa que devemos ficar parados, inertes ou passivos para a vida na matéria. Muito pelo contrário! Devemos agir pela mão de nosso Pai-Mãe Eterno, pois há muito o que fazer para que tenhamos uma humanidade pacífica, próspera e amorosa. Enquanto agimos pela mão do Eterno, através da Fonte que tudo É, esta Suprema Inteligência vai burilando as nossas vestes, desde as mais sutis até as mais grosseiras. E nossa luz torna-se mais brilhante a cada novo movimento que realizamos pelas Sagradas Mãos do Divino, neste palco da vida chamado Terra, no grande teatro de Deus chamado Universo.

Amorosamente e com toda fé, nos lancemos aos pés deste maravilhoso Mestre, ao qual somos feitos à sua imagem e semelhança. Tenhamos a coragem e o desapego de deixa-lo nos conduzir. Abandonemos as armaduras do egoísmo, a arrogância de nos acharmos maior e o orgulho de não reconhecer as nossas sombras. Porque no fundo da caverna escura que há em nosso íntimo, oculto nos recantos de nossa alma, está a verdadeira causa de nosso aparente obscurantismo – o medo, o pavor de nos tornarmos o nada.

Pois, saibamos que o nada e o tudo são faces opostas de um jogo de espelhos que nos iludem, porquanto nos fascinam, e não manifestam a realidade. Assim como uma cadeia de montanhas, onde os fortes ventos sopram, espalhando a divina vida, permite o aparecimento dos vales, que acolhem as águas claras e cristalinas dos rios, a nutrir a abençoada vida; assim como o clarear da manhã permite o recolhimento da escuridão da noite; assim como o ator esquece de si mesmo para realizar com toda plenitude o personagem; também o fluxo de nos tornarmos o nada no palco da vida, nos permite ser pleno no oceano de luz da Suprema Criação.

Supremo Ser de Luz Infinita e Eterna, que estais no íntimo de tudo que vibra, glorificado é o Vosso Poder em toda a Criação. Desça sobre nós a Vossa Luz e Poder. Que seja feita a Vossa Vontade, assim na Terra como nos Céus. Dai-nos a Vossa Luz, alimentando a nossa fé a cada momento de nosso dia. Dai-nos o conhecimento que nos retira o véu da ignorância e nos faz ver a Vossa Luz em todos os nossos irmãos. Dai-nos a Vossa Força que nos mantém no caminho da luz, superando as tentações, com o propósito de manifestar o Vosso Amor. Pois, Vosso é o Reino, o Poder e a Glória por toda a eternidade. Amém.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

ILUMINANDO A ALMA

 

Respire profundamente e relaxe. Respire outra vez profundamente e relaxe mais. Respire mais uma vez profundamente e relaxe completamente. Imagine que seu corpo está todo solto, leve e frouxo... pés... pernas... coxas... bacia... tronco... coluna vertebral... braços... ombros... e cabeça livres de tensões. Solte a boca... as bochechas... as narinas... testa... e olhos. Relaxe completamente, profundamente.

Imagine-se pleno de energia e de amor. Imagine-se irradiando amor e luz. Pense na pessoa que você é, como você é. Imagine-se de pé e de frente, olhando para si mesmo... como no espelho.

Mentalmente, levante suas mãos e volte suas palmas em direção a esta pessoa que é o seu reflexo. Imagine que uma luz branca azulada sai da ponta de seus dedos e da palma de suas mãos... ilumine o sistema nervoso da sua imagem reflexa. Imagine que os raios de luz entram no hemisfério cerebral esquerdo e, acompanhando com suas mãos mentais, irradie luz para o lado direito de seu corpo até alcançar o pé direito.

Agora projete a luz branca azulada para o hemisfério cerebral direito e acompanhe com suas mãos, até o seu pé esquerdo, atravessando todo o lado esquerdo de seu corpo.

Muita luz, muito amor e ore. Peça a seu Eu Superior que a Luz Mental seja usada como instrumento de seu amor.

Imagine essa luz iluminando todo o esqueleto... da cabeça aos pés.

Ilumine o aparelho circulatório. Irradie a luz branca azulada para o coração e daí para as artérias, veias e capilares de todo o corpo... da cabeça aos pés.

Ilumine o aparelho respiratório. Imagine que a luz branca azulada entra pelas narinas, passa pela faringe, laringe, traqueia, ramificando-se nos brônquios, bronquíolos e alvéolos. Irradie luz por todo o espaço pulmonar.

Agora irradie luz para o aparelho digestivo. Faça com que essa luz penetre na boca, língua, esôfago e desce ao estômago. Detenha-se um pouco nesta região e irradie muita luz, muito amor e faça uma oração. Peça a seu Eu Superior a serenidade necessária para aceitar aquilo que não podemos modificar, coragem para modificar aquilo que podemos e sabedoria para distinguir uns dos outros. Prossiga, então, e irradie luz ao fígado, pâncreas e intestinos.

Concentre sua atenção nos órgãos que estejam em desarmonia. Ilumine-os bem. Quanto mais luz, mais energia. Se houver alguma região de seu corpo, coloque mentalmente uma das mãos sobre o local e envolva-o na mais pura luz branca azulada. Imagine-se um instrumento do Amor Divino e ore mais uma vez.

(Pausa)

Ilumine todo o corpo, da cabeça aos pés, formando um contorno luminoso que se expande gradativamente. Deixe que sua última impressão seja a de vê-lo saudável, contente e feliz.

Repita as seguintes afirmações mentalmente:

“Eu sou luz, luz resplandecente, luz radiante, luz intensificada, que consome toda escuridão, transmutando-a em luz.

“Através de mim corre um rio de cristal da mais pura fonte vivente de luz. Eu sou luz... eu vivo na luz... eu sou a mais completa dimensão da luz... eu sou a mais pura intenção da luz.

“Eu sou luz, luz, luz. Inundando o mundo onde quer que eu vá, abençoando, fortalecendo e anunciando o propósito do reino dos céus.

“Eu sou luz (3 vezes). Eu vivo na luz (3 vezes). Eu irradio a luz (3 vezes). Eu sou luz”.

Namaste.



quarta-feira, 16 de setembro de 2020

O CANTO DO GALO

 

“Jesus declarou: Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante [a trombeta toque], me negarás três vezes”!  

(Mateus, 26:34)

“Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, esta noite, antes que o galo cante [a trombeta toque] duas vezes, me negarás três vezes”.

(Marcos, 14:30)

“Mas ele disse: Pedro eu te digo, (o) galo [trombeta] não cantará [tocará] hoje sem que por três vezes tenhas negado conhecer-me”.

(Lucas, 22:34)

“Jesus lhe responde: Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: o galo [trombeta] não cantará [tocará] sem que me renegues três vezes”.

(João, 13:38)

 

Dos quatro Evangelhos, o único que observou os detalhes, quanto às trombetas, foi Marcos. Os outros três – Mateus, Lucas e João – não se preocuparam com este pormenor, mas que é tão precioso no estudo oculto do simbólico ali existente.

Tudo nos leva a entender que foram as trombetas da Fortaleza Antônia que ressoaram naquele crucial momento de Simão Pedro. Não havia galo no centro de Jerusalém e nem era permitido, por se tratar de uma cidade sagrada para os judeus, onde residia o Sumo-Sacerdote, aliás, muito próximo dali. O toque da trombeta, em latim, se chama “gallicinium”. Daí vem a confusão, já que os Evangelhos foram traduzidos do grego para o latim, sendo que o de Marcos, que é dito que foi escrito aos romanos, ele usou vários termos latinizados. A menção feita por Marcos, em seu Evangelho, ao duplo ressoar do galo (“toque da trombeta”) parece estar se referindo aos dois “toques de trombeta” existentes após a meia-noite, os quais eram emitidos da Fortaleza Antônia. Um primum gallicinium (“primeiro canto do galo”) entre às 0:00h e às 3:00h da madrugada e, depois dele, o secundum gallicinium (“segundo canto do galo”) que era tocado entre às 3:00h e às 6:00h da manhã, quando outro dia começava a despontar no horizonte.

Mas, vamos ao ensinamento que está contido nesta passagem dos Evangelhos.

Em nossa jornada para o despertar, não está em pauta os nossos erros e acertos, mas as experiências que vivemos, ou seja, o que fazemos com nossos erros e acertos. Na passagem do Evangelho, por exemplo, Pedro precisou errar três vezes antes de “o galo cantar”, negando o seu amor pelo seu Amado Mestre Jesus, para que pudesse despertar a retidão em seus atos – o dharma. O “canto do galo” foi o despertar de Pedro, reconhecendo a sua fraqueza para que se tornasse um guerreiro. Ele, que era orgulhoso, fraco e medroso, lembrou das palavras de seu Mestre: “não cantará o galo duas vezes antes de Me teres negado três vezes”. E naquele exato momento, em que “o galo cantou” pela segunda vez, com certeza, seu centro psíquico da base, que expressa o seu propósito de vida, a sua missão na Terra, entrou em ressonância, vibrou sua Alma e o colocou no caminho da retidão. Sua fé (o conhecimento vivenciado e raciocinado) se tornou inabalável e sua devoção (o amor em prática) ao seu Amado Mestre se consolidou, fazendo dele um Verdadeiro Guerreiro (o reto agir). Assim, o conhecimento, o amor e a ação reta se integraram. Assim, ele se tornou o alicerce que propiciou a propagação da mensagem do Cristo.

E por que Pedro negou três vezes, e não uma, duas ou quatro vezes? Como está dito acima, a primeira negativa foi para acorda-lo quanto à sua fé, consolidando-a. A segunda, para despertar seu amor e devoção ao Mestre. A terceira, para colocá-lo no caminho reto, na ação correta, fazendo aflorar o espírito guerreiro de Pedro, tão necessário naquele tempo para espalhar e implantar os ensinamentos do Mestre.

E por que as trombetas deveriam soar por duas vezes? Como nos conta Marcos, Pedro negou três vezes e, em seguida, a trombeta soou pela segunda vez, o que fez Pedro acordar para a realidade espiritual. Este fato serve não só para que Pedro se lembrasse do que Yeshu’a o teria alertado, mas também para mostrar a Pedro o quanto ele estava dividido e sem fé consolidada, mostrando a dubiedade de seus sentimentos e convicções quanto à missão que lhe foi transmitida por Yeshu’a.

Pode parecer muito estranho e fantasioso esta análise, mas existe um fator altamente simbólico nisto tudo, que transformaria, não só a Simão Pedro, mas também a todos nós, ao estudar os Evangelhos. A Bíblia, tanto no velho testamento, como no novo, onde se encontra os quatro Evangelhos, é repleta de códigos, símbolos e metáforas que devem ser decifrados e extraídos os seus ensinamentos.

O que podemos extrair destes símbolos? Que, para alcançarmos a grande liberação, temos que ter fé inabalável no propósito divino; devoção ao Mestre, dedicando todas as nossas ações para Deus; e reto agir, ou seja, sem desvios em nossa conduta. Quanto às trombetas, jamais devemos titubear, vacilar ou duvidar da voz do coração – nossa mente deve estar fechada para os encantos e palpites externos e focar somente no coração.

Então, eis as perguntas que nunca se calam: E o seu “galo” já cantou, a sua trombeta já soou?  Você está atento ao canto do seu “galo”, ao toque de sua trombeta?