Oṁ bhūr bhuvaḥ svaḥ
Tatsaviturvareṇyaṁ
Bhargo devasya dhīmahi
Dhiyo yo naḥ prachodayāt
Oṁ. Aos planos da
existência
Meditemos na grandeza da criação
Aquele que é o
brilho da luz
Que Ele inspire
[a plenitude] em nossos intelectos
Conforme o Ṛig Veda, “na gayatryah paro
mantrah”, ou seja, “não há mantra
mais importante que o Gāyatrī”. Sua divindade
é o próprio Parabrahman, o Supremo,
Absoluto ou o Eterno.
A palavra Gāyatrī vem
de gāyatra, e por sua vez, é derivado de duas palavras: gāya, que significa
“canto”, e da raiz verbal tṛi,
significando “aquele que libera ou protege”. Portanto, Gāyatrī significa “o canto
que libera ou protege”. Também é uma
palavra sânscrita para designar a métrica de uma música ou hino de 24 sílabas
(três versos de 8 sílabas). A palavra mantra,
conforme já visto, pode significar libertação da mente ou aquilo que protege a
mete, e oração, de modo que Gāyatrī Mantra pode
ser traduzido como “uma oração, ou melhor, uma prece de louvor, que desperta as
energias vitais e traz a libertação do Ser”.
O Gāyatrī
Mantra aparece nos quatro Vedas, mas é no Ṛig Veda que ele surge, já que os outros três – Yajur, Sama e Atharva – contém
muito material do Ṛig Veda. O Gāyatrī é um mantra
dedicado ao sol. Esse mantra é
considerado tão poderoso que na Índia antiga somente a casta superior, os brāhmaṇas, tinham a permissão para
recitá-lo.
Na Bhagavad Gītā capítulo 10, versículo 35, Kṛiṣhṇa
diz: “Sou também o grande hino entre os hinos do Sama Veda; entre as
formas métricas sou Gāyatrī”. No simbolismo védico da Índia, Indra, o rei dos Devas,
representante dos céus, aconselhou Manu,
pai da raça humana, a recitar o Gāyatrī, porque com sua grande força é possível dominar todos os
Vedas.
O Gāyatrī
evoca a luz e o discernimento, e deve ser recitado mil vezes por dia (dez
voltas no japamālā), o que
corresponde a 3 horas de prática, durante 100 dias. Ao recitar o mantra, deve-se fazer uma pausa depois
do Oṁ, e também depois de cada verso.
“Oṁ” representa o verbo, o som
primordial, o todo, o eterno e transcendental. “Bhūr bhuvaḥ svaḥ” representam os três mundos: o físico, da matéria
ou da natureza (bhūḥ); o psíquico ou
sutil, da alma ou do astral (bhuvaḥ),
e o causal ou celestial, do espírito divino (svaḥ ou suvaḥ). Este
conjunto – Oṁ bhūr bhuvaḥ svaḥ – não
é propriamente parte do Gāyatrī, mas uma fórmula
tirada do Yajur Veda e que foi anexada ao início do Gāyatrī.
Em “tatsaviturvareṇyaṁ” invocamos a glória de Ῑśhvara, Criador do Universo e que merece a nossa adoração. Após a
terceira pausa, recitamos “bhargo devasya
dhīmahi”, reverenciando aquele que é todo sabedoria – a consciência – e que
destrói toda a ignorância. Fazemos então a quarta pausa e passamos ao quinto e
último verso, recitando “dhiyo yonaḥ
prachodayāt”, onde pedimos a iluminação de nosso intelecto para que
possamos transcender a dualidade da mente e alcançar o estado pleno e absoluto
do Ser. É importante saber que neste último verso, na palavra “naḥ”, o “ḥ” (visarga) precede uma
palavra iniciada pela consoante “p”, transformando-lhe no som de “f”. Isto é
importante porque sem a pronúncia do “f” a palavra sânscrita, que corresponde
ao pronome “nós”, “para nós”, “nosso”, passa a ser “na”, que significa uma negação, o que transforma o verso em um
pedido para que “não ilumine o intelecto”.
Este mantra deve ser recitado devagar, sentindo sua melodia e seu
significado. Com a prática, ele nos libertará da roda da vida (saṁsāra). Ele também é eficaz para
aqueles que tendem ao suicídio, que estão pessimistas e preguiçosos, sem força
de vontade, cansados, tristes e desanimados. O Gāyatrī
Mantra consome pāpa (mal karma ou má
sorte), restituindo a saúde, o vigor, o entusiasmo e a alegria de viver. Ele
ainda pode gerar uma energia sutil no ambiente, a se irradiar para a sociedade,
quando é cantado por um grupo de pessoas, produzindo prosperidade e bem-estar.
É um mantra bastante auspicioso!
O Gāyatrī deve ser
cantado, preferencialmente, pela manhã ao nascer do Sol, voltado para ele
(nascente), fazendo um japamālā inteiro, ou seja, as 108 contas. Ao final, faz-se uma oferenda de água à
Savitṛi (divindade do Sol). O Amado
Mestre Sathya Sai Baba recomendava que
recitassem o Gāyatrī, várias vezes,
em diferentes períodos do dia. Ele cantava um pouco diferente do tradicional,
mas não menos auspicioso. Completamos o ritual de recitar o Gāyatrī pedindo paz (śhānti) três vezes – para si mesmo, para
o ambiente e para a natureza – e saudamos a todos os Mestres espirituais.
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