sexta-feira, 25 de setembro de 2020

GĀYATRῙ MANTRA

 

Oṁ bhūr bhuvaḥ svaḥ

Tatsaviturvareṇyaṁ

Bhargo devasya dhīmahi

Dhiyo yo naḥ prachodayāt

 

Oṁ. Aos planos da existência

Meditemos na grandeza da criação

Aquele que é o brilho da luz

Que Ele inspire [a plenitude] em nossos intelectos

 

Conforme o Ṛig Veda, “na gayatryah paro mantrah”, ou seja, “não há mantra mais importante que o Gāyatrī”. Sua divindade é o próprio Parabrahman, o Supremo, Absoluto ou o Eterno.

A palavra Gāyatrī vem de gāyatra, e por sua vez, é derivado de duas palavras: gāya, que significa “canto”, e da raiz verbal tṛi, significando “aquele que libera ou protege”. Portanto, Gāyatrī significa “o canto que libera ou protege”. Também é uma palavra sânscrita para designar a métrica de uma música ou hino de 24 sílabas (três versos de 8 sílabas). A palavra mantra, conforme já visto, pode significar libertação da mente ou aquilo que protege a mete, e oração, de modo que Gāyatrī Mantra pode ser traduzido como “uma oração, ou melhor, uma prece de louvor, que desperta as energias vitais e traz a libertação do Ser”.

O Gāyatrī Mantra aparece nos quatro Vedas, mas é no Ṛig Veda que ele surge, já que os outros três – Yajur, Sama e Atharva – contém muito material do Ṛig Veda. O Gāyatrī é um mantra dedicado ao sol. Esse mantra é considerado tão poderoso que na Índia antiga somente a casta superior, os brāhmaṇas, tinham a permissão para recitá-lo.

Na Bhagavad Gītā capítulo 10, versículo 35, Kṛiṣhṇa diz: “Sou também o grande hino entre os hinos do Sama Veda; entre as formas métricas sou Gāyatrī”. No simbolismo védico da Índia, Indra, o rei dos Devas, representante dos céus, aconselhou Manu, pai da raça humana, a recitar o Gāyatrī, porque com sua grande força é possível dominar todos os Vedas.

O Gāyatrī evoca a luz e o discernimento, e deve ser recitado mil vezes por dia (dez voltas no japamālā), o que corresponde a 3 horas de prática, durante 100 dias. Ao recitar o mantra, deve-se fazer uma pausa depois do Oṁ, e também depois de cada verso. “Oṁ” representa o verbo, o som primordial, o todo, o eterno e transcendental. “Bhūr bhuvaḥ svaḥ” representam os três mundos: o físico, da matéria ou da natureza (bhūḥ); o psíquico ou sutil, da alma ou do astral (bhuvaḥ), e o causal ou celestial, do espírito divino (svaḥ ou suvaḥ). Este conjunto – Oṁ bhūr bhuvaḥ svaḥ – não é propriamente parte do Gāyatrī, mas uma fórmula tirada do Yajur Veda e que foi anexada ao início do Gāyatrī.

Em “tatsaviturvareṇyaṁ” invocamos a glória de Ῑśhvara, Criador do Universo e que merece a nossa adoração. Após a terceira pausa, recitamos “bhargo devasya dhīmahi”, reverenciando aquele que é todo sabedoria – a consciência – e que destrói toda a ignorância. Fazemos então a quarta pausa e passamos ao quinto e último verso, recitando “dhiyo yonaḥ prachodayāt”, onde pedimos a iluminação de nosso intelecto para que possamos transcender a dualidade da mente e alcançar o estado pleno e absoluto do Ser. É importante saber que neste último verso, na palavra “naḥ”, o “” (visarga) precede uma palavra iniciada pela consoante “p”, transformando-lhe no som de “f”. Isto é importante porque sem a pronúncia do “f” a palavra sânscrita, que corresponde ao pronome “nós”, “para nós”, “nosso”, passa a ser “na”, que significa uma negação, o que transforma o verso em um pedido para que “não ilumine o intelecto”.

Este mantra deve ser recitado devagar, sentindo sua melodia e seu significado. Com a prática, ele nos libertará da roda da vida (saṁsāra). Ele também é eficaz para aqueles que tendem ao suicídio, que estão pessimistas e preguiçosos, sem força de vontade, cansados, tristes e desanimados. O Gāyatrī Mantra consome pāpa (mal karma ou má sorte), restituindo a saúde, o vigor, o entusiasmo e a alegria de viver. Ele ainda pode gerar uma energia sutil no ambiente, a se irradiar para a sociedade, quando é cantado por um grupo de pessoas, produzindo prosperidade e bem-estar. É um mantra bastante auspicioso!

O Gāyatrī deve ser cantado, preferencialmente, pela manhã ao nascer do Sol, voltado para ele (nascente), fazendo um japamālā inteiro, ou seja, as 108 contas. Ao final, faz-se uma oferenda de água à Savitṛi (divindade do Sol). O Amado Mestre Sathya Sai Baba recomendava que recitassem o Gāyatrī, várias vezes, em diferentes períodos do dia. Ele cantava um pouco diferente do tradicional, mas não menos auspicioso. Completamos o ritual de recitar o Gāyatrī pedindo paz (śhānti) três vezes – para si mesmo, para o ambiente e para a natureza – e saudamos a todos os Mestres espirituais.





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