A CÍTARA * Espiritualismo & Yoga, é um espaço virtual dedicado ao espiritualismo e ao yoga, oferecendo estudos e práticas espirituais. A CÍTARA é, na sua essência, uma escola iniciática destinada ao conhecimento do comportamento da Alma e regeneração dos valores humanos.
“O ego está sempre buscando. Busca sem cessar isso ou aquilo para se
sentir mais completo. Isso explica por que ele se preocupa compulsivamente com
o futuro.
“Ao perceber que está “vivendo para o momento seguinte”, você descobre que
começou a abandonar o padrão da mente autocentrada. Torna-se então possível
escolher concentrar toda a sua atenção no momento presente.
“Ao concentrar toda a atenção no momento presente, uma inteligência muito
superior à da mente autocentrada entra em sua vida.
“Ao viver através do ego, você faz do presente apenas um meio para
atingir o fim. Você vive em função do futuro, mas, quando atinge seus
objetivos, eles não o satisfazem – ou não o satisfazem por muito tempo.
“Quando você dá mais atenção ao que está fazendo do que ao resultado que
quer alcançar com a sua ação, rompe o velho condicionamento autocentrado. Sua
ação presente se torna não só muito eficaz como infinitamente mais satisfatória
e gratificante”.
(“O Poder do Silêncio”, Eckhart Tolle)
Com base nesta
reflexão, vamos fazer uma meditação.
Sente-se numa posição
confortável, quer seja de pernas cruzadas ou numa poltrona, cadeira, com os pés
apoiados no chão e recoste-se. Deixe seu corpo relaxar. Relaxe cada vez mais e
mais. Inspire profundamente e ao expirar relaxe. Mais uma vez inspire e ao
expirar relaxe.
Vai, então, entrando
em contato com seu estado de ser. Perceba aquela consciência que é a base de
tudo, que é o verdadeiro ser, o Ātman, o EU SOU, que está por trás dos
pensamentos, que está por trás de seu ritmo respiratório, de seu ritmo
cardíaco, e de todo seu ser orgânico e psíquico. Lá se encontra o verdadeiro
ser presente. O único estado possível para a consciência – o estado de
presença.
Sinta-se presente.
Sinta o que você realmente é – a sua existência como consciência, a plenitude
do Ser; aquilo que os mestres indianos falam: o estado de sat-chit-ānanda, o estado de existir, de ser
consciente e ser pleno. Sinta-se presente em sua respiração. Sinta-se presente
em tudo aquilo que você escuta. Sinta-se presente em tudo aquilo que você toca
e sente no seu corpo. Sinta-se presente em todas as imagens que chegam a sua
mente. Sinta-se presente – o único tempo possível para a consciência, que é
absoluta, imutável e eterna. Permaneça neste estado de presença mesmo após esta
breve meditação.
“A calma é a nossa natureza essencial. O que é calma? É o espaço interior
ou a consciência onde as palavras desta página são assimiladas e se transformam
em pensamentos. Sem essa consciência, não haveria percepção, não haveria
pensamentos nem mundo.
“Você é essa consciência em forma de pessoa.
“Quando você perde contato com sua calma interior, perde contato com você
mesmo. Quando perde esse contato, fica perdido no mundo.
“Sua mais íntima noção de si mesmo, de quem você é, não pode ser separada
da calma. Ela é o EU SOU, mais profundo do que seu nome e sua forma externa”.
(“O Poder do Silêncio”, Eckhart Tolle)
Esse texto é lindo.
Ele tem muito a ver com a transição planetária, onde nós temos que parar,
pensar e refletir sobre este momento.
Agora, procure sentar-se
confortavelmente. Apoie suas costas. Sente-se com os pés no chão ou com as
pernas cruzadas. Apoie suas mãos sobre as coxas. Feche seus olhos e dirija a
atenção para a sua respiração. Observe seu ato de respirar. Procure fazer uma
respiração tranquila, suave e prazerosa. Sinta o inspirar e o expirar. Perceba,
então, o intervalo que existe entre cada inspiração e expiração. Quando inspira
seus pulmões se enchem de ar até um volume máximo, e neste ponto ocorre uma
parada para começar a expirar. Nesta parada encontra-se um intervalo, um vazio,
aonde a base é o silêncio. Ao perceber este silêncio, você entra no estado
profundo de paz, de calma interior. Assim, você acessa o seu verdadeiro estado
de ser, a sua consciência, o Ātman. Respire suavemente,
confortavelmente e sinta a presença do EU SOU.
Agora, dirija a
atenção para a mente. A mente foi feita para pensar. Ela produz, ininterruptamente,
o pensamento. Da mesma forma como na respiração, entre um pensamento e outro,
existe o silêncio, existe o vazio, que permeia todo o Universo. Quando percebemos
este vazio, este silêncio, alcançamos o verdadeiro estado de ser, a consciência,
que está por de trás do pensamento, que está por de trás da mente, que está por
de trás de sua respiração. Essa consciência se confunde com o Absoluto, o
Eterno e Imutável. Pois, só existe o Absoluto, o Eterno e Imutável. E ele é a
consciência. Perceba este estado. Perceba o profundo estado de paz, que se
alcança ao entrar neste espaço vazio e de profundo silêncio.
Esta técnica é a que melhor exemplifica o Jñāna
Yoga, o Yoga do conhecimento da realidade. Ātma Vichāra
é o questionamento sobre a natureza real da alma. Esta técnica tem como
objetivo eliminar as falsas ideias sobre o Eu e o ego, e nos ensinar a separar
o espectador do espetáculo, a consciência que percebe e o que é percebido.
Procure sentar-se de pernas cruzadas, sobre
almofadas ou em algum assento que o deixe confortável. Repare que seus joelhos
dobrados devem estar abaixo de seu quadril. Perceba o contato de suas pernas
com o chão. Agora, organize seu quadril, o contato das nádegas com o chão.
Sinta todo o amparo oferecido pelo chão ao seu corpo.
Tenha consciência de sua coluna vertebral,
alinhando-a desde o quadril até a base da cabeça. Sua coluna deve estar ereta e
equilibrada – sem pender para frente, nem para trás, nem para um lado e nem
para o outro. Observe a cinta abdominal, recolhendo com muita suavidade os
músculos abdominais, para que tenha maior conforto lombar. Mantenha seu peito
aberto, colocando seus ombros bem para o lado. Com os braços relaxados,
entrelace os dedos das mãos e deixe-as apoiadas sobre a base de seu corpo em
suas pernas.
Agora, dirija a atenção para a cabeça. Ela deve
estar no prolongamento da coluna vertebral, no alinhamento e ligeiramente
inclinada para frente, enquanto a nuca é levada para trás. Com os músculos da
mastigação descontraídos, relaxe a boca e mantenha a língua em contato com o
palato, logo atrás dos dentes. Relaxe as pálpebras e os olhos, que devem estar com
seu foco no ponto entre as sobrancelhas, o espaço dentro da testa chamado de
tela mental.
Observe, então, sua respiração. Ela deve estar
leve, solta e tranquila. Com a atenção no triângulo formado pelas narinas,
mantenha-se como testemunha de seu ato de respirar. Perceba o ar que entra e
que sai pelas narinas. Nada mais além disso!
Tome consciência de seu verdadeiro “Eu” – aquele
que está além de tudo e que a tudo testemunha, imutável, eterno, sereno, uno,
pleno e absoluto. Questione-se: quem sou eu? Ao final, mergulhe em profundo
silêncio!
Quem sou eu, que não é este corpo? Eu posso ver e
tocar este corpo, que é transitório e se modifica a todo momento. Ele me serve
como instrumento do plano físico, mas eu não sou este corpo. Se eu o percebo,
então ele está fora do “eu”, do qual eu sou.Eu sou o ser, que é imaterial, imutável e imperecível.
Quem sou eu, que não é esta mente que pensa? Essa
mente se agita e se modifica a cada instante. A cada nova percepção, uma nova
ondulação na mente provoca um novo pensamento. Se percebo isto, então esta
mente que pensa é apenas uma projeção que, em dado momento acaba ou se
modifica. Eu sou o ser, que é pleno de serenidade e paz.
Quem sou eu, que não sou os cinco sentidos? Os
cinco sentidos registram tudo aquilo que está fora de mim. Eles são apenas um
instrumento utilizado pela mente para perceber e interagir com o mundo externo.
Eu percebo o que os sentidos registram e esses registros, além de se
modificarem a cada instante, eles separam, geram confusão e limitam todas as
impressões. Isto não expressa a realidade. O ser é plenamente integrado e sem
ruídos. Eu sou o ser, que é silêncio e comunhão.
Quem sou eu, que não sou as emoções? Eu identifico
as emoções e percebo que elas variam a todo momento – ora são de prazer, ora
são de lamento e dor. As emoções não são estáveis e contínuas. Se eu as
percebo, é porque estão fora de mim e nada que esteja destacado de mim mesmo
pode ser o verdadeiro eu. As emoções pertencem aos mecanismos do ego, que é
passional e inconstante. Eu sou o ser, que é ponderação e equilíbrio.
Quem sou eu, que não sou sensações? As sensações
pertencem a este corpo físico para fazer o intercâmbio, através dos sentidos,
com o meio externo. Elas flutuam, conforme os estímulos que recebe e as
inferências criadas pelo ego. Elas se manifestam dentro de um vasto campo que
vai do desconfortável ao agradável, e não pertencem à neutralidade do ser
absoluto. Eu sou o ser, que é neutro e pleno de satisfação.
Quem sou eu, que não sou desejo, necessidade,
vontade? O desejo e a vontade nascem da necessidade do ego, que é incompleto e
carente, por não reconhecer a totalidade que já é. O verdadeiro ser nada
deseja, nada necessita, nem aspira, porque é o todo e fora do todo nada existe.
Se existe algo fora do todo, então o todo não é tudo, e isto é impossível ao
que é absoluto. Eu sou o ser, que é plenitude e infinitude.
Quem sou eu, que não sou passado, presente e nem
futuro? O passado faz parte da memória e o futuro, da imaginação. Ambos,
memória e imaginação, são estruturas usadas pelo ego. O presente é apenas um
divisor entre o passado e o futuro. Nesse exato instante, o presente já se
tornou o passado, dando lugar ao que era futuro. Isso é a efemeridade daquilo
que percebo como vida, e representa a ilusão causada pelo ego. Eu sou o ser, que
é atemporal e eterno.
Quem sou eu, que não sou ego, personalidade? O ego
é apenas uma pequena parte de minha existência. Ele é o personagem que represento
em cada existência. A cada nova existência, entra em cena um novo personagem.
Desta forma, o ego se fragmenta em inúmeras representações. O verdadeiro “eu” é
aquele que está no ápice e que testemunha a todas as representações. O
verdadeiro “eu” abarca e integra todos as personalidades. Eu sou o ser, que é
tudo.
Quem sou eu, que não sou os papéis que represento?
Tenho inúmeros papéis a representar nesta vida – ora estou como pai ou mãe, ora
como filho ou filha, ora como patrão, ora como empregado, ora aluno, ora
professor. A cada momento assumo um papel diferente. Percebendo estes variados
papéis, concluo que alguém está por trás, dando vida a cada personagem. Este
alguém é o ser essencial. Eu sou este ser essencial, que é a verdadeira natureza,
a verdadeira identidade.
Quem sou eu, que não sou individualidade? A
individualidade me dá uma noção de separatividade – eu estou aqui e aquilo ou o
outro ali – como compartimentos. Isto me cria uma limitação, quanto à interação
com o todo, que não se afina com aquilo que é eterno, infinito e pleno. Algo
unifica a tudo, fazendo com que tudo se inter-relacione. Quando percebo isto o
“eu” indivíduo se esquece na unidade do verdadeiro “eu”. Eu sou o ser, que é a
unidade.
Quem sou eu, que não sou orgulho e vaidade? Orgulho
e vaidade estão fundamentados no conceito de separatividade criados pelo ego.
Uma flor expressa sua beleza e seu aroma para todos, porque esta é sua
natureza, e para ela é simples assim manifestar sua perfumada beleza. Não há
orgulho, nem vaidade, nas manifestações da natureza, porque não há a
complexidade do ego, e este não é o verdadeiro ser. Eu sou este ser, que é
simplicidade.
Quem sou eu, que não sou insegurança e medo? Insegurança
e medo são aspectos da escuridão ou ignorância do ego, que é confuso e identificado
com a dualidade e a impermanência da coisas e fatos pertencentes aos planos
existenciais. O verdadeiro ser tem total clareza de tudo. Impassível, o ser
essencial não se altera, pois tudo conhece, tudo alcança e tudo gesta. Eu sou este
ser, que é luz.
“Não há como
se tornar real, aquilo que é irreal; nem há como desaparecer aquilo que é a
realidade essencial. Mas, a verdade de ambos é vista pelos que veem a
realidade. Portanto, tome conhecimento do indestrutível que permeia tudo isto;
pois, ninguém pode destruir aquilo que é imutável. Os corpos que são
instrumentos do Eu, que é eterno, indestrutível e incomensurável, são
declarados como sujeitos ao desaparecimento. Portanto, lute para se libertar
das percepções errôneas”.
(Bhagavad
Gītā
II – 16, 17, 18)
“O Eu nunca
nasceu e jamais morrerá; se sua existência nunca teve um início, tampouco terá
um fim. Este Eu que é não-nascido, é eterno, imutável, primordial. Ele não
morre, quando o corpo se acaba”.
(Bhagavad
Gītā
II – 20)
“Armas não
cortam este Eu, tampouco o fogo não o queima. A água não o molha, nem o vento o
seca. Ele, o Eu, não pode ser cortado queimado, molhado nem seco. Ele é eterno,
em tudo penetrante, firme, imóvel, antigo, mas sempre o mesmo”.
(Bhagavad
Gītā
II – 23, 24)
Agora, mergulhe no silêncio e se conscientize da
beleza, da simplicidade e da unidade que é. Desfrute da infinitude, da
eternidade e da plenitude do Ser.