domingo, 30 de outubro de 2011

OS BENEFÍCIOS DA MEDITAÇÃO

A meditação é um processo de silenciar a mente e mergulhar em si mesmo.  Quando meditamos, tomamos contato com nossa Luz Essencial, como também com nossos padrões repetitivos de defesa, reflexo de nossas inseguranças, ansiedades e carências.  Este contato é feito por meio de técnicas que nos fazem mergulhar no inconsciente e encontrar os registros de todas as nossas experiências que, por sua vez, podem gerar em nós padrões de expansão ou retração.  Se tais experiências estiverem em conformidade com a nossa intencionalidade essencial, um estado de expansão crescerá em nós; caso contrário, nos causarão traumas seguido de uma retração.
Durante a meditação, nossas experiências traumáticas não são tão importantes.  A meditação não tem um compromisso de reconhecer o trauma, mas de expandir a Luz Essencial.  Reconhecer o trauma ajuda apenas a entender os padrões de defesa, mas não os libera.  Só liberamos os padrões de defesa quando tocamos a intencionalidade da Luz Essencial.  É desta forma que ganhamos força e nos desidentificamos dos velhos padrões.
A prática da meditação é, portanto, uma proposta de renovação e reconhecimento de nosso propósito essencial.
A meditação traz como resultado inicial o aparecimento de um centro de consciência desidentificado dos veículos pessoais, que não é somente um “fundo de consciência” vago e amorfo, mas revela-se a verdadeira dimensão humana, a realidade mais íntima do homem, dotada de consciência e vontade, ou seja, manifesta-se o nosso verdadeiro Eu, o centro de autoconsciência.  Sendo assim, desenvolve-se a consciência de si, a capacidade de síntese e a vontade.

Outro resultado alcançado, quando a prática da meditação é regular, é o gradual desenvolvimento de uma sensibilidade mais profunda e a expansão da consciência.  Em conseqüência, outros resultados precisos, como a capacidade de expressar qualidades humanas superiores, como a compaixão, a criatividade e a intuição se manifestarão.
Ao praticarmos a meditação, não somente modificamos nosso estado de consciência e despertamos para o mundo do Ser, mas evocamos também poderosas energias que tendem a produzir efeitos bem determinados sobre os veículos da personalidade.  Estes veículos são compostos por energias em níveis vibratórios diferentes – energias que, no decorrer da prática de meditação, são vitalizadas pela influência do Jivātman (Alma individual) e por sua força primordial, a qual tocamos.  Isso significa que com o avanço da prática acontecem mudanças nos níveis físico, emocional, mental e espiritual devido à aceleração da freqüência energética dos veículos da personalidade e ao despertar dos cakras.

PRĀṆĀYĀMA



Prāāyāma significa o domínio do prāa (energia vital ou bioenergia) e, geralmente, é executado através de técnicas respiratórias. Estas técnicas têm como benefício comum:
  1. Harmonizar o sistema nervoso (sedando ou tonificando);
  2. Ativar o sistema endócrino;
  3. Massagear com o diafragma e os músculos abdominais todos os órgãos desta região;
  4. Estimular o sistema cardiovascular oxigenando intensamente o sangue.

Prāāyāma tem uma profunda influência sobre o psiquismo, pois atua intensamente em nosso corpo sutil, composto de emoções e pensamentos. Portanto, tem a capacidade de acalmar a mente, criando condições propícias ao seu desenvolvimento.

De um modo geral, as pessoas não sabem respirar, devido a uma série de comportamentos que se transformaram em vícios, tais como:

  1. Tipo de vestuário com roupas apertadas;
  2. Contração da barriga para mostrar um porte físico elegante;
  3. Má postura;
  4. Estresse tanto a nível físico quanto emocional e mental;
  5. Angústia causada pela vida moderna;
  6. Educação errônea quanto à forma de respirar.

Portanto, aqui se torna indispensável uma explicação sobre o mecanismo respiratório. Os pulmões não possuem musculatura própria que lhes permitam encher-se e esvaziar-se de ar. Quem produz seu enchimento e esvaziamento de ar é um músculo chamado “diafragma”. Esse músculo, com um formato de abóbada, separa a cavidade torácica da abdominal e sobre ele o homem pode exercer sua vontade, tornando a respiração um ato consciente. Quando inspiramos, o diafragma se contrai e abaixa-se, estufando a barriga, criando uma sucção no espaço interno da cavidade torácica e, conseqüentemente, uma entrada de ar nos pulmões. Esta sucção também acontece, por causa da ação sinérgica dos músculos intercostais que, além de estabilizar as costelas, ainda as tracionam suavemente para fora e para dentro. Quando expiramos o processo se inverte, expulsando o ar dos pulmões.

Desta forma, a maneira mais adequada de se respirar é o abdominal, trabalhando principalmente com a parte baixa dos pulmões. A respiração abdominal, além de trazer os grandes benefícios citados acima, faz também com que as toxinas do ar residual acumuladas na base dos pulmões sejam mobilizadas e expelidas. Para que este efeito ocorra, é importante que eduquemos a expiração. Temos que aprender a soltar o ar e a esvaziar os pulmões. Temos que ensinar um músculo chamado transverso do abdômen a se contrair. Este músculo está localizado na camada muscular mais profunda do abdômen e forma uma cinta que, ao se contrair, aperta e empurra o conteúdo abdominal (órgãos, vísceras, sangue e linfa) para cima. Simultaneamente, o diafragma relaxa-se e sobe para dar lugar aos órgãos e vísceras abdominais. Em conseqüência, com a diminuição do espaço interno torácico, o ar da base dos pulmões é expelido.

Esta prática tem grandes reflexos benéficos, tanto no corpo como na mente e na Alma. O ar que respiramos está associado à vida. Ele contém prāa (energia vital) e esta força é que sustenta a vida. Ao nascermos, fazemos a nossa primeira inspiração e, ao morrermos, a nossa última expiração. Sendo assim, associamos a inspiração com a vida e a expiração com a morte. Vemos a morte como um fato ruim e nefasto. Por isso, temos medo e aversão à expiração. Tentamos reter a inspiração enquanto pudermos e, desta forma, vamos acumulando ar em nossos pulmões. Deixamos de gerar espaço interno para receber o novo ar vitalizado e nos mantemos identificados e apegado ao ar desvitalizado que retemos em nossos pulmões. Não percebemos que estamos nos tornando desvitalizados, fracos, sem energia, tristes, angustiados e depressivos. Não percebemos que estamos muito mais próximos desse conceito de morte que nos identificamos.

Ter medo da morte é um grande engano. A morte é apenas um símbolo da transformação e da mudança de estado. Morremos todos os dias quando dormimos, milhares de células morrem em nosso corpo a cada instante e nem percebemos isso. Sem morte não há vida! Porque a morte renova a vida. Portanto, deixe as pequenas mortes de cada dia acontecerem com naturalidade. Deixe a vida se renovar a cada instante, para que a Alma possa crescer. Solte o controle!

Temos medo de deixar que algo, que supomos ser nosso, se vá e morra. Ficamos agarrados ao nosso mundo, as nossas crenças, as nossas idéias, as nossas criações, aos nossos negócios e, com isso, não expiramos, não evacuamos e não dormimos.

Agora, dê espaço a sua vida e comece a expirar! Permita que a roda gire! Torne-se uma pessoa revitalizada, forte, alegre, determinada e otimista! EXPIRE!!!

Experimente fazer uma expiração profunda e, em seguida, veja como o ar entra com força, determinação e otimismo. Veja como seu peito se expande, seu coração bate mais firme e seus sentidos se tornam mais alertas.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O ADOECER SEGUNDO A MEDICINA INDIANA

 A medicina indiana é chamada de Āyurveda, pois, desmembrando a palavra sânscrita, āyus significa vida e veda, ciência ou conhecimento.  Portanto, Āyurveda significa ciência da vida e está fundamentado em seus dois principais tratados: Caraka Samhitā e Suśruta Samhitā.  O Āyurveda classifica o processo de instalação da doença em seis etapas (kriyākāla): (1ª) acúmulo (sancaya), (2ª) agravamento (prakopa), (3ª) transbordamento (prasāra), (4ª) relocação (sthāna samśraya), (5ª) manifestação (vyakti), (6ª) diferenciação (bheda).
O Ser humano está em constante movimento, adaptando-se a sucessivos desequilíbrios, ou seja, alternando-se entre desequilíbrios e reequilíbrios.  Isto é crescimento, isto é saúde.  Quando por sucessivos embates físicos, psíquicos, comportamentais ou espirituais não conseguimos nos reorganizar em relação as constantes ondas de desequilíbrios, nos afastamos da saúde e do crescimento.  Isto é estagnação, isto é doença.  O desencadeador da doença pode aparecer tanto na mente como no corpo.  De qualquer modo haverá um desequilíbrio em um ou mais dos três humores ou princípios biológicos denominados de dosha: vata, pitta ou kapha.  Os doshas são três estados biológicos que estão por trás de qualquer ação do corpo ou da mente e são a base de todo pensamento do Āyurveda.  Eles são formados pelos pañcamahābhūta.
Mas, o que é isto?  Pañcamahābhūta são os cinco elementos grosseiros que compõem a natureza.  Em suas inúmeras combinações, eles formam toda a matéria do Universo.  No sânscrito pañca significa cinco; mahā significa grande e bhūta é elemento.  Portanto, pañcamahābhūta significa os cinco grandes elementos ou os cinco elementos básicos.  Esses elementos são:  prthivī (terra, dando a sensação do sólido quando se encontra predominante), āpah (água, dando a sensação do líquido quando se encontra predominante), tejas (fogo, dando a sensação do ígneo quando se encontra predominante), vāyu (ar, dando a sensação do gasoso quando se encontra predominante) e ākāśa (espaço, dando a sensação de vazio quando se encontra predominante).
Pela ação conjunta de ākāśa (espaço ou éter) e vāyu (ar) manifesta-se vata; da união de tejas (fogo) com āpah(água) manifesta-se pitta; e, de āpah(água) com prthivī (terra) manifesta-se kapha.
Vata produz todos os movimentos, desde o celular e corporal até o mental (pensamentos): movimento dos olhos e músculos, dinâmica respiratória, pulsação cardíaca, peristaltismo e produção das secreções digestivas, memória e fluxo do pensamento.  Pitta comanda todas as transformações do corpo e da mente: digestão propriamente dita, preparando o alimento para assimilação, metabolismo celular, desenvolvimento do conhecimento no cérebro, transformando e comparando dados, discernindo-os e concluindo-os.  Kapha promove a estabilização e estruturação do corpo e da mente: protege e estrutura órgãos e tecidos, lubrificando-os, estabiliza as funções cerebrais, serenando a mente.
Agora, tendo explicado o conceito fundamental do Āyurveda, voltemos ao processo de instalação da doença. Devido a uma alimentação errônea ou por reprimir as emoções, ou ainda, por embates espirituais, um ou mais dos três dosas vão gerar toxinas (ama) que se acumularão nos tecidos (dhatus) e nas áreas mais frágeis do corpo.  Ama é a causa de toda doença.  Em todos os casos, ou seja, tanto na má alimentação como na contenção das emoções ou choques espirituais, haverá prejuízo da ação do fogo digestivo (agni).  A inibição do fogo digestivo causa a redução de metabolizar e transformar os alimentos em componentes que vão estruturar e dar energia ao corpo e à mente, gerando toxinas e estabelecendo o primeiro estágio de instalação de todas as doenças.  A alteração ou diminuição da percepção do sabor dos alimentos, a sensação de peso no estômago, o mau hálito, a boca amarga, o muco espesso sobre a língua, a micção e evacuação de pouca freqüência, o cansaço, a obnubilação dos sentidos e o torpor mental são alguns dos sinais da presença de toxinas (ama) no organismo.
Segundo o Āyurveda, o desequilíbrio começa no tubo digestivo (kapha no estômago, pitta no intestino delgado e vata no cólon).  No primeiro estágio (acúmulo), qualquer desequilíbrio pode ser debelado e há um aumento do dosa em sua região característica, com sinais e sintomas caracterizados por pequenos desconfortos como: (1) constipação, gases, boca seca, medo e ansiedade se vata estiver em excesso; (2) acidez estomacal, sensação de queimação, raiva e crítica se o excesso for de pitta; ou (3) letargia, pouco apetite e peso se kapha estiver agravado.
No segundo estágio (agravamento), os sinais e sintomas ficam mais nítidos e o excesso do dosa invade outros órgãos e tecidos, deixando sua região característica no tubo gastrintestinal.  Aqui, o vata agravado gera um quadro de aumento dos gases e da constipação, com pés e mãos frias e secura no corpo.  O agravamento de pitta leva a azia, indigestão, dor em queimação na região umbilical e excesso de crítica.  Já o kapha agravado produz náuseas, sonolência, pequenos inchaços e aumento da salivação.
No terceiro estágio (transbordamento), os sinais e sintomas se modificam, dificultando encontrar o desequilíbrio, já que as toxinas do dosa agravado invadem os canais (srotas) dos tecidos mais frágeis.  Nesse estágio, o vata agravado se caracteriza por cansaço, mente agitada, preocupação, medo e ansiedade; enquanto o excesso de pitta manifesta um quadro de sensação de queimação na passagem da urina e fezes, fezes amareladas e digestão acompanhada de dor.  Já no agravamento de kapha encontramos um quadro de aumento de peso e de muco, edemas e vômitos.
No quarto estágio (relocação), os tecidos que se apresentam enfraquecidos são invadidos pelo excesso de dosa e se combinam, gerando subprodutos de qualidade inferior e, por isso, tóxicos ao organismo.  A fragilidade de um tecido pode ocorrer por inúmeras razões: hereditariedade, traumas físicos ou psicológicos, bloqueios emocionais, vícios, doenças anteriores ou infecções, hábitos inadequados e karma (ações de vidas passadas).  Neste estágio, só ocorrerá o adoecimento se houver um ponto fraco em algum tecido, pois as toxinas que circulam pelos canais (srotas), encontrando o ponto fraco, se depositam nele e iniciam a doença.  É o caso da alta taxa de glicose no organismo que causa sede e urina excessiva, podendo desviar a doença para uma retinopatia ou insuficiência renal.
No quinto estágio (manifestação), a doença se desenvolve, manifestando vários sinais e sintomas.  Aqui, devido aos altos níveis de toxidade do dosa em agravamento, a doença se enraíza no tecido fragilizado, causando sintomas específicos em um órgão ou sistema, como é o caso da hipertensão, diabetes, cálculo hepático, úlcera gástrica, entre outras.
No sexto estágio (diferenciação), a doença alcançou seu patamar mais grave.  O dosa excessivo acaba com a pouca funcionalidade que restava no sistema, surgindo complicações em outros órgãos e levando o organismo ao enfraquecimento geral.  Na visão ocidental é o que acontece, por exemplo, com a artrite, que além de seu lugar comum (as articulações), acaba afetando os rins.
Assim surgem as doenças segundo a visão da medicina indiana.